Prof. Rodrigo Antonio Chaves da Silva Contador e Auditor
A Itália é responsável praticamente por quase toda a cultura ocidental. Grandes filósofos e historiadores dizem que todo o mundo do ocidente foi pensado e teve como base a cultura romana e italiana. O próprio Masi ao escrever uma de suas gigantes obras sobre a história da contabilidade, usava esses textos para demonstrar que todos os conceitos que usamos na atualidade de alguma forma tinham origem direta ou indireta na cultura românica e italiana, especialmente a doutrina aperfeiçoada pela Igreja, o que nos faz garantir que a cidade de Roma, e a cultura italiana, é uma das vigas mestras da cultura ocidental e uma das mais importantes do mundo.
Mas ela nos fornece uma lição contábil e econômica também. Uma lição muito forte.
Desde quando Roma começa o seu império e se expande – aqui não entraremos em nomes e datas, mas numa visão geral – ela cresce com profundo esquema contábil, controle patrimonial do potencial bélico, além de posicionamento estratégico forte; com uma estrutura jurídica que era relevante a nível mundial, sendo pioneira no direito societário, na existência das sociedades, e de uma contabilidade legalizada.
Para o romano a contabilidade, a gestão, e a economia eram hábitos de vida. As famílias romanas tinham os diários contábeis em suas mãos, e faziam a escrituração em casa.
Foi em Roma que aparece a primeira sociedade existente, a Societates Vectigalium; é lá que ela estabelece de maneira forte o direito societário, e o crescimento empresarial, mesmo sendo um império, uma monarquia, havia pois liberdade comercial, e a gestão do capital não era tratada nem politicamente, nem ideologicamente, muito menos como algo negativo, era amplamente influenciada pelo governo.
O governo romano cresce e se estende. Tal crescimento aconteceu por causa da contabilidade. Eles contabilizavam e anotavam tudo. Suas estratégias tinham em vista aumentar o poderio financeiro pelos impostos, e aumentar o poderio militar. Mas daqui temos uma lição: a prática empresarial, jurídica, societária, contábil, econômica do povo romano não era possível se não houvesse uma cultuação dos VALORES HUMANOS, ESPIRITUAIS, CULTURAIS E IDEALISTAS do aludido povo. Ou seja, se a sociedade romana não estivesse ávida de valores, não poderia manter o seu poder. Ela permaneceu no poder com um substrato inabalável. Entre tais valores repetimos:
- Um grande amor à pátria – o orgulho, o nacionalismo, o amor ao país, e ainda, a frequência e aplicação das leis, o respeito às normas e as regras de conduta social, nisto, a boa convivência entre os cidadãos.
- Um respeito à autoridade romana – o povo era unido ao rei, e logo, tinha não apenas o favorecimento da autoridade mas o respeito à autoridade.
- Um adequado amor à disciplina – todo romano cumpria e lei jurídica, e ainda, respeitava as ações sociais, como o comércio, a gestão, o preenchimento de livros que eram determinados em hábitos sociais, costumes, mas não necessariamente obrigatórios ou compulsórios. Os romanos tinham um hábito de vida normal, não eram obrigados a fazerem nada, faziam porque gostavam de fazer.
- Um respeito às práticas religiosas – mesmo a religião sendo de Estado, havia também uma religiosidade popular, mas um respeito ao culto, ao templo, como o respeito à religiosidade geral.